quinta-feira, 7 de junho de 2012

CARTA PARA ACABAR NAMORO


03.06.2012
SÁBADO

CARTA PARA ACABAR NAMORO

Nos anos cinquenta, era comum entre os jovens, propor namoro com uma moça ou encerrar relacionamento, por carta. Havia até a venda nas livrarias, folhetos com modelos dessas correspondências, para atender àqueles que não tinham capacidade de “enfeitar” as palavras. Criou-se com isto uma necessidade que ia, desde a simples escolha do modelo da carta, até as providências que teriam que ser tomadas, para que uma mesma missiva, não fosse enviada a pessoas, em que houvesse a possibilidade de ter tomado conhecimento do texto, uma vez que as mocinhas costumavam mostrar as amigas, as correspondências recebidas de seus namorados.

Eu, rapaz muito namorador, estava sempre mudando de relacionamento e, tal era a frequência, que tinha uma carta preferencial publicada num modelo do Piauí, pois o seu conteúdo, eu acreditava ser romântico, desprovido de palavras que pudessem ofender a pessoa alvo e até de certo modo, confessando o meu amor não correspondido. Batizei esta carta, como A CARTA Nº 3, usada na quase totalidade das minhas despedidas.



Eis a íntegra:

Fulana de tal.

Mando-te esta, para cientificar-te, que apesar de te querer muito, acho-me forçado a dizer-te a maior e a mais triste das verdades; porque feliz eu seria se algum dia, buscar-se em teu coração a semente sagrada de um verdadeiro amor; mas bem sei que isto é impossível, porque em ti só resta um amor já extinto e que dispões dele para enganar-me. Cansado estou de tanto sofrer por tua causa.

Serei por ventura o culpado? _Não sei. Há algo infinitesimal que escapa a minha compreensão; mas não importa, porque a consciência advoga a minha causa. Nada mais resta entre nós. Não me procure mais. Adeus.

Nilson Mello.

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