21ª PSICOGRAFIA
MAIO DE 2003.
PROVA RADICAL DA MISÉRIA - TANCREDO DE
MYLLYS.
Tancredo de Myllys, espírito ligado ao ofício da reencarnação, dá uma lição profunda e comovente sobre a
“prova radical da miséria”; do que existe por traz de um ser que opina por enfrentar esse teste. Aborda
ângulos de visão que estão além de nossa percepção cotidiana na matéria.
Toda e qualquer palavra que fosse acrescentada neste exórdio, nada adicionaria ao contexto das
revelações do sábio mentor espiritual.
_Meu filho. Estivemos acompanhando o encarne de um irmão na prova máxima radical, a da miséria. Prova
que reúne o antagonismo entre o bem e o mal em sua mais alta intensidade. Prova que muitas vezes, tal a
sua crueldade, põe em dúvida, àquele que passa por ela, a existência de Deus. Prova que reúne em si, os
mais dolorosos problemas a enfrentar por um ser humano e que, quase sempre, os poucos resultados
positivos não têm continuidade. Prova que só se alivia após cada etapa concluída: não há meio termo. Prova
que a maioria dos espíritos reluta em enfrentar, mas que é seletiva as demais matérias do curso de
aperfeiçoamento espiritual por que passa no decorrer de suas existências, para aprender a conviver com a
dor, a fome, a incapacidade física e intelectual, o desespero, a escravidão, a injustiça...Compreender a
angústia de seus semelhantes; ser grato e humilde de coração.
Acompanho um espírito nessa prova, desde a sua admissão na matéria, quando teve que enfrentar
obstáculos para definir padrão genético no código DNA. Vi com que dificuldade, lutou por construir seu
invólucro carnal, num útero debilitado de nutrientes. Estive junto em seus primeiros momentos, no ventre
doente e conturbado de sua mãe; vítima dos maus tratos que a sociedade lhe infligia. Observei seu
nascimento e todas as angústias para sobreviver. Acompanho este ser até hoje, vendo-o lutar pela própria
vida; carente de instrução, vítima da agiotagem de princípios, onde as pessoas dão uma pequena parte e
exigem a escravidão de quem recebe.
Quantos passos desesperançados, desarmonizados, foram dados em sua peregrinação: _favelas, becos,
vielas, casebres... Camas de madeira superpostas, quando muito e, um colchão fétido de miolo, do que
sobrou de outro usado. Fogão sem fogo, panela sem comida; o dia seguinte, incerto; o desalento de cada dia
e, para maltrata-lo ainda mais, como carrascos, seus pensamentos, vez por outra, constroem lindas
quimeras, impossíveis até de sonhar e que em vez de libertar sua alma, a comprime na pequenez, punindo-a
impiedosamente, na volta à realidade. O homem perde a individualidade, passa a ser uma sombra, sem
rosto, sem nome, que desaparece ou muda de lugar ao sabor das estações; rodeado de outras sombras
iguais; vultos que habitam esse mundo tão grande, dos miseráveis. O instinto de sobrevivência transforma-o
num animal qualquer que foge em busca de um recanto, de um abrigo, onde possa encostar suas costelas,
tão doloridas, que qualquer repouso, passa a ser conforto.
Acompanho este homem, este espírito forte, que opinou por enfrentar a “Prova Radical da Miséria”; em
sentir, viver, sofrer...Comungar com outros amigos, dessa mesma miséria, que o mundo analisa dentro de
um processo macro-social, mas, não desce aos detalhes desses sofrimentos, para fugir ao confronto
antecipado da revelação.
A sociedade é o componente básico dessa prova. A ingratidão, a deslealdade, a insensatez, a
humilhação...Fazem parte dela. Não há como substitui-las. Não há como tirá-las do contexto. _De nada
adiantaria aos que se envolvem nesse teste e somente dentro de si mesmos encontrarão a força, dada pelo
Pai, pois só Ele, sabe o que existe dentro de andrajos ambulantes, grosseiros, sujos, rudes, aparentemente
desprovidos de sonhos, de amor próprio; sem honra e sem alma. Apenas o Pai, sabe avaliar o âmago de um
desses irmãos radicais, que vivem principalmente nas periferias das grandes cidades, para aferir o orgulho,
pelo contraste de vida com a riqueza e o luxo, onde todas as benesses materiais são possíveis. Esses
contrastes são como açoites, em suas peles feridas pelos desenganos e pela inquietação de não poder
participar do lenitivo do prazer.
Estou junto desse irmão. Vivo com ele em meus estudos. Nós espíritos também estudamos; pesquisamos,
provamos, conferimos metas...Avaliamos resultados e, nessa luta eterna de aprendizado, que se funde no
tempo, buscamos também o nosso aperfeiçoamento e criar reservas e conceitos para quando um dia,
tivermos que orientar ou viver, uma prova radical; tenhamos experiências de comportamento do ser
encarnado, com suas dificuldades e suas logísticas de enfrentamento das provas. _Tancredo de Myllys, em
nome de Deus.